Foto: Marcelo Oliveira (Diário)
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Uma etapa fundamental para a revitalização da Estação Férrea de Santa Maria, os estudos técnicos sobre a estrutura devem ser entregues com atraso de três meses. O levantamento, que começou ainda em 2021, estava previsto para ser finalizado neste mês. O adiamento se deu por conta da demora no processo de análise dos dados que foram obtidos pela empresa Cristiane Leticia Arquitetura Ltda.
Nesse processo, o material passa pela Secretaria de Elaboração de Projetos e Captação de Recursos, com acompanhamento da Secretaria de Cultura. Também analisam o documento o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) e o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic).
Segundo o vice-prefeito de Santa Maria, Rodrigo Decimo, devido à complexidade do diagnóstico e a alterações na gestão da Comphic, o prazo de entrega final do estudo precisou ser adiado:
– Todas essas considerações vão precisar passar pelo Comphic, que está sofrendo algumas alterações de diretoria. Por se tratar de um patrimônio histórico, há necessidade de todas essas instâncias.
Ainda em janeiro, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico fez uma análise prévia dos dados obtidos. Entretanto, houve mudanças na composição do Comphic devido a alterações na legislação, conforme explica o conselheiro Francisco Queruz:
– Fizemos uma primeira análise e apontamos alguns pontos que poderiam ser ajustados. Acredito que nós vamos conseguir analisar esse processo na próxima reunião, com um pouco mais de facilidade. Vão entrar novos membros no conselho e sair alguns antigos.
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A chamada dos novos conselheiros está sendo feita pela Secretaria de Cultura do município. O Comphic, devido à nova legislação, deixou de ser atrelado ao Gabinete do Prefeito, passando a integrar a pasta da Cultura. Conforme Queruz, ainda não há data exata para a reunião que analisará o diagnóstico da Gare.
Somado a isso, a Cristiane Leticia Arquitetura Ltda, empresa licitada para o trabalho, ainda está realizando o processamento dos dados que foram obtidos a partir da captura de imagens aéreas do local.
– Essas imagens são captadas por um drone e, depois, precisam passar por um processamento. É nessa etapa que nós estamos. Já fizemos a tomada total das imagens e vamos anexá-las ao diagnóstico final – confirma a arquiteta Cristiane Leticia Oppermann Thies.
A prefeitura também emitiu nota onde afirma que “o levantamento é minucioso e reúne um grande volume de informações, a fim de que seja feita uma intervenção respeitosa ao patrimônio”. Alinhado a isso, Decimo, vice-prefeito, reforça a minuciosidade do estudo:
– É um trabalho bastante robusto que vai subsidiar a licitação que permitirá que a recuperação desse importante prédio.
Além disso, o vice-prefeito explica que o prazo foi estendido para julho visando um espaço de tempo mais seguro para a conclusão, mas acredita que o diagnóstico deva ser entregue antes. Quanto a valores orçamentários, Decimo afirma que só poderá ser estimado um custo de obra após a entrega do diagnóstico e de processos complementares, como o Plano de Prevenção e Proteção de Combate a Incêndio.
Foto: Marcelo Oliveira (Diário)
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NO AGUARDO POR NOVOS DIAS
Moradores antigos da região puderam acompanhar as diferentes fases da Estação Férrea, que vão desde os tempos de grande atividade até o abandono. Uma delas é Marisa Silveira, 77 anos, que mora há 47 anos no Bairro Itararé e utilizou o serviço ferroviário da infância até o encerramento das atividades. Ela lembra com saudosismo das viagens e espera rever o espaço como nos tempos áureos:
– Era maravilhoso. Eu viajava para Cachoeira do Sul, e aqui era um espetáculo. Cruzar aqui, agora, é horrível. Dói na alma. A gente precisa passar por aqui, é um lugar bonito de caminhar, mas é perigoso – conta a aposentada.
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Rodrigo Decimo estima que, com a conclusão dessa etapa técnica, que deve ocorrer até 9 de julho, o edital da licitação para as obras seja publicado em agosto. O vice-prefeito assegura que a revitalização começará ainda neste ano:
– Nós não temos uma data fixa porque com esse trabalho até 9 de julho e, depois, todos os trâmites burocráticos da licitação não há como prever uma data exata, mas acreditamos que durante o segundo semestre deste ano nós tenhamos o início dessas obras – finaliza o vice-prefeito.
A revitalização da Viação Férrea será realizada por meio de recursos oriundos do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), que foi assinado pela prefeitura de Santa Maria junto à Caixa Econômica Federal no mês de abril. Os R$ 50 milhões obtidos através do Finisa 2 serão destinados para o Aeroporto de Santa Maria, para o Distrito Criativo (que engloba a Vila Belga e a Gare), além de outros pontos.